quinta-feira, 28 de setembro de 2017

2017 Renault Sandero Expression 1.0 SCe MT5: transplante bem-sucedido

Texto e fotos por Yuri Ravitz
Modelo cedido pela Renault do Brasil




O segmento que mais vende no mercado brasileiro é o dos hatches compactos de entrada, que são naturalmente os mais baratos das marcas. A categoria que hoje compreende modelos entre R$30.000 e R$45.000 não deixa espaço para luxos e mordomias; é puramente racional, onde cada centavo faz a diferença na hora da decisão final. Um pouco acima disso, já é possível encontrar aqueles que oferecem algo além do "pacote dignidade", mesmo que apenas como opcional.

Recebemos da Renault do Brasil uma unidade do Sandero 2017 na versão intermediária Expression, já equipado com o motor 1.0 SCe flex de três cilindros pelo preço base de R$46.950,00. Nosso exemplar conta com a cor sólida "Vermelho Vivo" e também o opcional Techno Pack, que por R$1.300,00 acrescenta sensores de estacionamento traseiros e a multimídia Media Nav Evolution com tela sensível ao toque, comandos-satélite na coluna de direção, GPS, Bluetooth, entradas USB e auxiliar mas sem espelhamento com smartphones.

Calotas "Magiceo" de 15 polegadas são próprias da versão Expression
Visual

Uma coisa é unânime no que diz respeito ao visual do Sandero: o compacto mudou da água para o vinho em relação a geração anterior. O desenho ficou mais quadrado, porém conferiu um ar mais "maduro" e saudável para a imagem do hatch, tudo auxiliado pelos detalhes a mais da versão Expression como os retrovisores e maçanetas na cor do carro e adesivos em preto fosco nas colunas B, elementos que quebram a "cara" de carro basicão. A grade característica dos novos Renault traz dois filetes cromados com o emblema ao centro, e terminam nos faróis de dupla parábola (uma sofisticação difícil de se encontrar no segmento) com detalhes também cromados, combinando com as lanternas que formam um "C" quando acesas.

O exterior melhorou muito, mas o mesmo não pode ser dito do interior. Apesar de bem montado, há plástico por toda a parte; nem mesmo as porções de contato com o braço nas portas receberam tecido, como é comum nos carros dessa categoria. As únicas peças de tecido na cabine são os bancos que mesclam acabamento em preto e azul escuro ao centro, diferenciando-se dos assentos da versão de entrada Authentique.

Interior é simples, mas fica um pouco melhor com a multimídia Media Nav Evolution e o computador de bordo

Mecânica

O destaque da linha 2017 para a dupla Sandero e Logan é a família de motores SCe (Smart Control Efficiency), que compreende blocos 1.0 12v de três cilindros e 1.6 16v de quatro cilindros, ambos flex. No nosso exemplar de teste equipado com o 1.0, são 82cv e 10,5kgfm de torque comandados por um câmbio manual de cinco velocidades. O novo motor deixou o Sandero mais ágil e econômico, fazendo um bom casamento com o câmbio de relações curtas especialmente nas duas primeiras marchas e também com a direção de assistência eletro-hidráulica (onde o sistema hidráulico é tocado por uma bomba elétrica e não pelo motor do carro diretamente).

No mais, características comuns a todos os outros compactos da categoria: tração dianteira, suspensão por eixo de torção na traseira e freios a disco somente na dianteira. ABS e airbag duplo entram na conta, pois são obrigatórios a todos os carros novos desde 2014. Sentimos falta dos encostos de cabeça e cintos de três pontos para os três ocupantes do banco traseiro, bem como do sistema ISOFIX para cadeirinhas de criança.

Motor novo fez muito bem ao franco-romeno; mais economia e disposição para enfrentar o caos urbano

Tecnologia

O Sandero Expression traz de série o básico necessário a qualquer modelo hoje em dia; ar condicionado, travas elétricas, computador de bordo, vidros elétricos somente na dianteira, banco do motorista e coluna de direção com regulagem de altura, comandos de abertura interna do porta-malas e bocal de combustível, rádio com Bluetooth, USB e entrada auxiliar, limpador e desembaçador de vidro traseiro, indicador de troca de marcha e chave com travamento e destravamento remoto das portas; os retrovisores tem ajuste manual. 

Caso o bolso esteja um pouco mais confortável, vale a pena incluir o opcional Techno Pack para ter a multimídia Media Nav Evolution (a mesma do Captur) e os sensores de ré, que mesmo estando em um compacto são sempre úteis para evitar batidas indesejadas. Na ponta do lápis, um Sandero igual ao nosso modelo de teste sai por R$48.250.

Media Nav Evolution apresenta bom funcionamento, é fácil de operar e tem todo o necessário para usuários padrão

Como anda

Motores modernos de três cilindros se tornaram conhecidos por entregar mais torque em um regime de rotação mais baixo quando comparados aos antigos quatro cilindros. Na prática, isso se traduz em mais segurança e conforto ao rodar, pois o veículo desenvolve com mais facilidade e o melhor; consumindo menos. É exatamente o que acontece com o Sandero e seu novo três-cilindros debaixo do capô, que usa também do conhecido "truque" das primeiras marchas mais curtas a fim de deixar o carro mais esperto. Com o pé leve, o indicador de marcha acima se acenderá para avançar a partir dos 2000rpm, privilegiando o consumo que se manteve nos 14km/l em perímetro urbano, ar condicionado ligado e abastecido com gasolina; caso queira sentir a disposição do pequeno propulsor, basta afundar o pé e ver o conta-giros subir rápido, porém condenando o consumo que fica na casa dos 10 a 11km/l.

Em trecho rodoviário, a média urbana é virtualmente a mesma; isso porque a 110km/h o conta-giros se posiciona entre 3500 e 4000rpm, conferindo agilidade mas sacrificando uma média de consumo que poderia ser melhor se a quinta marcha fosse mais longa; o lado bom é que o isolamento acústico da cabine é satisfatório, e mantém o ruído do motor do lado de fora como deve ser. Voltando às características dos três cilindros, a trepidação quando em ponto morto é perceptível e incômoda, especialmente ao se colocar mão na alavanca de câmbio.


Os pontos fortes do Sandero estão no espaço para os passageiros e na maciez ao rodar. Apesar da ergonomia ruim dos bancos dianteiros (onde a lombar é bastante pronunciada, deixando o encosto de cabeça muito distante do corpo), a direção não é cansativa e a suspensão se mostra bem firme em curvas, além de absorver as irregularidades do asfalto com eficiência. É interessante ressaltar que pudemos observar o mesmo bom comportamento na versão esportiva RS Racing Spirit, que traz suspensão mais rígida e rodas de 17 polegadas com pneus esportivos de perfil baixo - confira a matéria do teste completo aqui.

A Renault do Brasil é mais uma parceira oficial do Volta Rápida, contribuindo com informações oficiais e veículos de teste

Vale a pena?

O Sandero conta com um conjunto bastante equilibrado, trazendo "riquezas" como os já citados comandos internos de abertura do porta-malas/bocal de combustível e capô com sistema de amortecedor que dispensa a tradicional vareta (coisas que muitas vezes não se encontram em carros mais caros) e também pobrezas como o interior inteiramente em plástico. Não é o mais equipado da categoria, mas é um dos mais espaçosos e também o que traz um dos maiores porta-malas (320 litros). Se você é dono de um modelo equipado com o motor antigo, sentirá grande e positiva diferença caso troque pelo novo.


Confira mais fotos do Sandero Expression 1.0 SCe (clique para ampliar):