sexta-feira, 27 de outubro de 2017

2017 Mercedes-AMG C43 Coupé 4MATIC 3.0 V6 AT9: menos tempero, mais controle

Texto e fotos por Yuri Ravitz
Modelo cedido pela Itatiaia Mercedes




Vivemos uma era de extremos. Tudo é amado ou odiado de forma tão intensa que muitas vezes pensamos estar perto do apocalipse a qualquer momento. O equilíbrio nos atos e emoções foi deixado de lado por quase todo mundo, até mesmo no universo automotivo e a busca incessante dos fabricantes por cada vez mais potência e quebra de recordes de velocidade - essa eterna necessidade de se superar tem seu lado bom, pois, é o que faz a roda do mundo girar; entretanto, como dizem os mais sábios, em tudo a moderação é boa.

Carros estúpidos (no melhor sentido da palavra) são divertidos, mas, continuam sendo estúpidos. É muito difícil criar um monstro com centenas de cavalos debaixo do capô que seja capaz de transmitir toda essa força pro asfalto com maestria; além disso, carros assim não costumam ser user-friendly, condenando seus donos com ergonomia duvidosa, consumo proibitivo e o desconforto de rodas grandes e suspensão dura, elementos essenciais em veículos esportivos. Para não abrir mão da diversão e muito menos do conforto, a solução é criar um meio-termo e é aí que começa a história do Mercedes-AMG C43 4MATIC.

Conjunto visual do C43 AMG faz com que o modelo pareça rápido mesmo estando parado

Até aqui, muitos lembrarão do nervoso C63 AMG e seu V8 de 400 e muitos cavalos despejados unicamente nas rodas traseiras, porém, poucos sabem que a nomenclatura C43 é bem mais antiga e tradicional. Ela surgiu na década de 90, já na primeira geração do Classe C (de codinome W202) e trazia debaixo do capô um 4.3 V8 de 306cv e 41,8kgfm de torque, se posicionando entre o C36 de 280cv e o C55 de 347cv.

A ideia de relançar o C43 AMG nos dias de hoje é simples e genial: atender a um público que quer um Mercedes-Benz com algo a mais, mas, acha o C63 muito exagerado (ou caro). Nós pudemos experimentar um exemplar cedido pelos nossos parceiros da Itatiaia Mercedes e atestar do que o alemão é capaz; hoje a marca vende o C43 AMG nas carrocerias coupé (R$390.000,00) e sedan (R$367.000,00).

Para efeitos de comparação, o C43 AMG clássico. Linhas quadradas e elegantes marcaram toda uma geração de fãs

Visual

O Classe C está na geração W205, lançada em 2014 com plataforma inédita e linhas mais arredondadas do que nunca. Enquanto a carroceria sedan foi alvo de críticas, o coupé recebeu elogios pelas linhas suaves e grandes lanternas horizontais na traseira, características que foram realçadas pelo bodykit esportivo do C43 com grandes admissões de ar na dianteira, detalhes prateados, grade "Diamond" e os escapes duplos na traseira. As rodas de 19 polegadas são de série, e um discreto aerofólio combinado ao extrator de ar no para-choque traseiro completam o toque esportivo.

Ao abrir a porta, a preferência pela elegância fica evidente no primeiro olhar mais atento à cabine. Se não fossem os cintos vermelhos e o grafismo quadriculado que decora a parte central dos mostradores do painel, você se esqueceria facilmente de que está em um esportivo; discreto como os donos de Mercedes-Benz gostam, mas, sóbrio demais para um AMG.

Motor conta com cobertura personalizada. Foto: Divulgação Mercedes-Benz

Mecânica

O C43 não é um "AMG legítimo" como o C63 por exemplo; isso porque ele não teve seu motor montado e assinado por um único engenheiro igual a seus irmãos mais caros. Antes de fazer críticas, saiba que o motor em questão é um 3.0 V6 bi-turbo de nada menos que 367cv e 53kgfm, números suficientes para levar o coupé de luxo de 0 a 100km/h em 4,7 segundos e atingir máxima de 250km/h (limitada eletronicamente). A melhor parte é que toda essa força vai para as quatro rodas através do sistema de tração integral permanente 4MATIC, e é gerenciada pelo câmbio automático 9G-TRONIC de nove velocidades e opção de trocas pelos paddle shifters atrás do volante.

No mais, suspensão independente e discos ventilados nas quatro rodas (14 polegadas na dianteira) com pinças decoradas pela AMG de quatro pistões e modos de condução diversos (Individual, Comfort, Eco, Sport e Sport+) garantem que o C43 esteja sob total controle do motorista o tempo inteiro. A única coisa que faz falta é a função de controle de largada Launch Control, disponível apenas no C63 e que cairia muito bem aqui por conta da tração integral.

Acabamento primoroso com muito couro e detalhes em aço escovado. Bancos tem ótimos apoios laterais

Tecnologia

O C43 AMG beira os 400 mil reais aqui no Brasil, o que o obriga a trazer um pacote impecável de equipamentos. E a lista não decepciona: teto solar panorâmico, bancos dianteiros com ajustes elétricos e três posições de memória (sem aquecimento ou ventilação), ar condicionado digital de duas zonas, conjunto ótico inteiramente em LEDs com faróis adaptativos de projetores duplos (direcionais com ajuste automático de altura e função de luz alta automática), sete airbags, start-stop, abertura de portas sem chave (keyless), sensores de estacionamento dianteiros e traseiros com câmera de ré, multimídia completa com comandos por touchpad, volante multifuncional com ajuste elétrico de altura e profundidade, amortecedores ajustáveis (AMG Ride Control) e seletor de modos de condução.

A Mercedes-Benz preferiu deixar de fora algumas mordomias disponíveis para o modelo no mercado estrangeiro, como os sistemas de climatização dos bancos e de tecnologias de condução semi-autônoma (como o assistente de permanência em faixa), elementos que podem não fazer muita falta na prática, mas, que deveriam estar presentes em um veículo dessa faixa de preço. O C43 é vendido por aqui em pacote fechado, sem opcionais.

Saídas de escape funcionais e emblemas AMG/C43 decoram a traseira

Como anda

Diferente do teste tradicional de uma semana que fazemos, fomos até Barueri (SP) para retirar o C43 AMG na sede da Itatiaia Mercedes e passar um dia inteiro com o carro, a fim de testar todas as suas competências. Fomos orientados a seguir até Sorocaba e depois voltar, em um percurso misto entre ambiente urbano e rodoviário que totalizou pouco mais de 200km.

Ao entrar no carro e dar a partida, a sensação é a de estar em um Mercedes-Benz convencional; é fácil achar uma posição agradável para conduzir e tudo acontece de forma tranquila e dócil. Modo Comfort selecionado e o alemão se conduz o tempo inteiro do jeito que o cliente MB espera que seja, impressionando pela maciez apesar das rodas de aro 19. Outro ponto a favor do conforto é o longo entre-eixos, o que fez os balanços (distância entre o eixo e a extremidade da carroceria) serem tão curtos a ponto de não deixar que o coupé raspe no chão em rampas e lombadas, algo que é de se esperar nesse tipo de carro.


A serenidade continua ao chegar na rodovia. Ainda em modo Comfort, a 100km/h o motor se mantém em sétima marcha abaixo dos 2000rpm e não é percebido na cabine, assim como todos os demais ruídos externos, além de colaborar para o ótimo consumo de cerca de 12,5km/l (8,2 em percurso urbano, sempre com start-stop desligado e ar ligado). Chegando ao primeiro pedágio, decido experimentar o modo Sport e o C43 já começa sua transformação - as trocas acontecem em giro mais alto, o que permite que todo o torque de 53kgfm disponível a partir dos 2000rpm seja sentido, abandonando o comportamento de "banheira" e ignorando por completo os seus 1.735kg.

Se o modo Sport agradou, é no Sport+ que você percebe o trato AMG em sua essência e o alemão impressiona. O motor é levado ao limite dos giros (por volta dos 6000rpm) a cada troca de marcha que acontece como um relâmpago, se mantendo acima dos 4000rpm para que esteja sempre cheio e mostrando que o C43 sabe ser espantosamente rápido. Os amortecedores, agora mais rígidos, trabalham em harmonia com a tração integral e motivam o condutor a repetir o velho jargão de dizer que "se move sobre trilhos", tamanha a firmeza e segurança que são passadas a todo tempo.

Teto baixo e silhueta alongada do coupé fazem o C43 parecer um míssil na pista. Foto: Divulgação Mercedes-Benz

Apesar de não trazer o botão que altera o escape para um ronco mais encorpado (que é característico dos AMGs), o modo Sport+ permite ao condutor usufruir da plenitude do som encorpado gerado pelo V6 bi-turbo com mapeamento e calibragem próprios; a impressão é a de haver um motor bem maior debaixo do capô, tanto pelo som quanto pelo desempenho. O curioso é que mesmo estando no Sport+, o C43 permanece macio sem sacrificar o motorista com batidas secas de suspensão ou comandos duros demais (como no antigo SLK200).

A parte ruim desse modo mais agressivo é que, em baixas velocidades, por vezes o sistema parece não saber em qual marcha deixar, fazendo o carro "engasgar" segurando uma marcha reduzida em giro alto antes de avançar de vez, exigindo que o motorista tire rapidamente o pé e volte a pisar depois. É bem raro de acontecer, contudo, é desagradável quando porventura ocorre.


Vale a pena?

Se o desejo é ter um esportivo bom para uso diário sem cansar e também esperto para uma diversão esporádica, o C43 AMG combina o melhor dos dois mundos; macio e econômico, porém rápido e voraz quando provocado. Caso deseje levar a família, há a opção da carroceria sedan com mais espaço inclusive para as malas, pois, o coupé comporta apenas crianças nos bancos traseiros, além de ser ligeiramente mais baixo e largo. A discrição típica dos Mercedes-Benz só é quebrada pelas enormes rodas com acabamento diamantado, atendendo a quem não gosta de chamar tanta atenção. Porém, se procura por um vasto pacote tecnológico e conforto acima da média, os quase 400 mil reais pedidos pela marca já orientam o cliente a olhar para o Classe E.

Agradecimentos a toda equipe Itatiaia Mercedes pelo convite, recepção e atendimento. Conheça a empresa pelo site http://www.itatiaianet.com.br/mercedes-benz/ e compre com a maior revenda AMG de todo o Brasil!

Agradecimentos especiais aos amigos Ricardo Fanin, Cleber Abrahão e Aderaldo Fernandes.

Confira o vídeo completo do modelo em nosso canal no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=Ru6LS9Q2e8E



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