segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Erros e Acertos: Civic X Cruze

Por Yuri Ravitz e Maximiliano Moraes (Racionauto)
Fotos: Divulgação




O ano de 2017 trouxe novidades significativas para o mercado automotivo brasileiro. A fim de lhe ajudar na doce tarefa de escolher um carro novo, decidimos elaborar uma série de análises sobre esses lançamentos e seus principais concorrentes, em parceria com o Racionauto, onde vamos abordar os principais pontos fortes e fracos de cada novidade por segmento.




Chevrolet Cruze

A Chevrolet acertou a mão quando lançou a nova geração do Cruze no Brasil. Enquanto a versão antiga trazia motor 1.8 16v com números de potência e torque insuficientes para fazer o pesado sedã acompanhar os concorrentes, a nova tem embaixo do capô um bloco 1.4 turbo que além de empurrar o sedã com competência e à frente da maioria dos demais sedãs médios do mercado, é ainda suave, silencioso e econômico. E não só o motor, como outras qualidades, o tornam um dos melhores sedãs do segmento.

Tecnológico - Não adianta nada colocar um motor bom num carro sem atrativos tecnológicos, coisa que todo consumidor de sedãs médios procura hoje. O Cruze não decepciona: controle de permanência na faixa, manobra automática de estacionamento, carregador de smartphones por indução e rastreamento remoto por app são destaques.

Bom de dirigir - O acerto de suspensão do Cruze é realmente voltado para o conforto. Mas não pense que ele não encara curvas mais "bravas": basta apoiar e fazer o contorno sem medo. A direção elétrica progressiva conversa muito bem com a suspensão, dando ao motorista segurança para arroubos súbitos de esportividade, e os controles de tração e estabilidade cumprem bem seu papel nessas horas.

Bem equipado - Não estamos falando aqui somente da versão de topo, mas também da de entrada. Nela, além de central multimídia com OnStar (sistema ainda exclusivo da marca), câmera de ré, controles de tração e estabilidade e vários outros equipamentos de série, há mimos como bancos e porções do painel e portas revestidos em couro.


Para ser o melhor sedã do mercado nacional, porém, é preciso evoluir em alguns aspectos:


Acabamento - Como já dissemos, há couro desde a versão de entrada. E porções de plástico com aparência pobre também. O comprador de uma versão LT pode até entender, mas o comprador de um LTZ completo, não.

Cadê os paddles? - Você põe os dedos atrás do volante e sente ressaltos que pensa ser paddle-shifters para trocas de marchas. Os pressiona e... O volume do rádio aumenta ou diminui. Trocas manuais, só na alavanca. O estranho é que no Cruze a transmissão é automática, o que justificaria ainda mais a presença de borboletas para trocas de marchas, enquanto concorrentes com câmbio CVT - cujas trocas são virtuais - têm os benditos paddles.

Pouco espaço - O problema nem está na cabine, que comporta 5 ocupantes com relativo conforto (só o do meio no banco traseiro sofre um pouco por conta dos ressaltos no assoalho e no banco). Só que o Cruze é um dos sedãs médios com menos espaço no porta-malas: são só 440 litros. Menos mal que as paredes do compartimento quase não têm ressaltos, mas vários concorrentes oferecem mais que 500 litros. Menores que os do Cruze, só os do Elantra e Focus Fastback.


Honda Civic

Mexer em modelos como o Civic é uma tarefa bastante complicada, pois o japonês que é visto pela grande maioria do mundo como um carro despojado que usufrui de um "quê" de esportividade é tido, no mercado brasileiro, como um sedan mais elegante e direcionado a um público amadurecido - não tanto quanto seu rival direto, o Corolla, mas ainda assim voltado para os mais velhos. Mas a Honda conseguiu acertar em cheio na décima e atual geração, conferindo linhas agressivas e transformando-o quase em um coupé, além de outras mudanças que fizeram muito bem ao veterano.

1.5 turbo - o grande destaque do atual Civic é o motor 1.5 turbo de 173cv. Anda mais que o conhecido 2.0 e consegue até ser mais econômico, conferindo ao japonês uma esperteza antes restrita aos concorrentes.

Dinâmica - o Civic sempre foi elogiado pelo comportamento dinâmico afiado. A décima geração reforçou isso com a carroceria mais larga e baixa que o anterior, e o melhor: sem comprometer o conforto a bordo. Há espaço para todos, e a suspensão não maltrata os passageiros.

Equipamentos - a evolução trouxe equipamentos de "gente grande" para o Civic, como ar condicionado digital de duas zonas, sistema de monitoramento de ponto cego, faróis Full LED, banco do motorista com ajustes elétricos e um painel digital remodelado, maior e de funcionamento fluído como poucos.


O Civic é o segundo sedan médio mais vendido do mercado, e só não alcança o primeiro lugar por algumas razões:


Preço - o Civic ficou bastante caro. Enquanto a versão mais barata começa em R$87.900 (um pouco menos que a antiga topo-de-linha EXR), a Touring chega a assombrosos R$124.900, invadindo o terreno dos sedans premium e induzindo o consumidor a gastar um pouco mais para ter um alemão na garagem.

Versões - a versão de entrada Sport tem nos detalhes em preto brilhante e o câmbio manual os únicos elementos que podem ser ditos esportivos. Além disso, a Touring é a única a vir com o novo motor turbo; por que não estender a opção para a EXL que se posiciona logo abaixo?

Acabamento - é justo, bem montado e sem rebarbas, mas pára por aí. O couro sintético e os plásticos de aparência pobre incomodam bastante em um carro que pode passar dos 100 mil reais.