terça-feira, 21 de janeiro de 2020

2020 Honda Civic EXL 2.0 CVT; casos de família

Texto e fotos por Yuri Ravitz
Modelo cedido por Honda Automóveis do Brasil


Notou as mudanças visuais da linha 2020? Repare nos frisos do para-choque e nas rodas


Dos sedans médios à venda no Brasil, o Honda Civic foi o primeiro a sofrer uma grande mudança nos últimos quatro anos: trocou de geração, evoluiu em todos os aspectos e, como ônus do pioneirismo, também foi o primeiro a envelhecer e ver a concorrência ameaçar seu confortável trono de prata. Para contornar isso, a montadora fez algumas mudanças bastante leves na linha 2020 que melhoraram o dia a dia com o japonês e, como de costume, passamos uma semana com ele para ver o que deu certo e o que ainda merece atenção.

Abrindo a temporada de testes de 2020, recebemos uma unidade da versão EXL, a intermediária da gama e mais cara a usar o motor 2.0 aspirado flex, e rodamos mais de 1.000km ao todo entre percurso urbano e rodoviário. Vale ressaltar que a parte mecânica não sofreu qualquer alteração na linha 2020, o que significa que o Civic manteve as características de rodagem do modelo pré-facelift que foi lançado em 2016. Atualmente, o valor da versão EXL é de R$114.100.

Jeitão de coupé é exclusividade do Civic no segmento e confere um ar de "carrão"

O que mudou?

As mudanças visuais foram tão pequenas que, talvez, os olhares menos atentos não tenham percebido, mas nós detalhamos pra você: o para-choque dianteiro teve a porção inferior redesenhada e ganhou dois apliques cromados que envolvem os faróis de neblina. Na lateral, a novidade está nas novas rodas aro 17 com acabamento em grafite e, na traseira, a única mudança é a adoção de um friso cromado na porção inferior-central do para-choque.

É na cabine que as alterações visuais são mais perceptíveis: os bancos trazem um novo revestimento mais claro que se repete nas portas, quebrando um pouco do preto que predominava na cabine do assoalho até o teto. Nos equipamentos, agora o EXL traz chave presencial com partida por botão, sensor de chuva (dois itens que eram exclusivos do Touring) e saídas traseiras de ar condicionado (que não existiam em nenhuma versão).

A novidade traseira é o friso cromado no para-choque, e só

No mais, o Civic EXL traz os seguintes itens de série: ar condicionado digital de duas zonas, multimídia com espelhamento para smartphones e navegação por GPS, faróis de neblina, faróis principais tipo projetor halógeno com luz diurna em LED, painel digital com computador de bordo, volante multifuncional com paddle-shifters, piloto automático, vidros elétricos com função um-toque, sensores dianteiros e traseiros de estacionamento com câmera de ré, entre outros.

Motor 2.0 dá conta, mas o 1.5 turbo é muito melhor

Em nome dos velhos tempos

Sem mudanças mecânicas, o Civic EXL 2020 manteve o motor 2.0 aspirado flex de 155cv e 19,5kgfm (no etanol) com transmissão automática do tipo CVT e possibilidade de simular sete marchas, conjunto que não empolga como o 1.5T do Touring mas dá conta do recado e agrada aos compradores mais tradicionais. O que realmente empolga no Civic é a dinâmica de direção, pois o sedan se comporta de maneira exemplar e equilibrada entre esportividade e conforto, amenizando as imperfeições da pista e mantendo o carro nos "trilhos" em trechos mais sinuosos.

O grande problema dessa postura conservadora da Honda está nos rivais diretos e dentro da própria casa: por que não estender a opção do 1.5 turbo às outras versões ou, pelo menos, para a EXL? Além de ser um propulsor superior em desempenho e economia, praticamente todos os rivais trazem motores mais novos e mais eficientes, sendo que alguns já turbinaram toda a linha (como os Chevrolet Cruze e VW Jetta). A Toyota manteve o uso de bloco aspirado no novo Corolla, mas fez um motor novo que também entrega mais que o presente no Civic.

Interior do Civic agrada aos olhos e ao toque, sem luxos, mas com tudo no seu devido lugar

Muito bem, obrigado!

Não é nosso primeiro contato com o Civic de décima geração, mas já faziam três anos desde a última vez em que estivemos ao volante do japonês. Foi bom ver que o tempo e a mudança de linha não comprometeram os pontos altos do sedan, como o rodar macio e silencioso aliado aos bancos que acomodam com conforto. O câmbio também é eficiente e cumpre seu papel com maestria, mantendo o giro baixo o tempo todo mas agindo rapidamente caso o motorista pise mais forte; ainda há a opção de simular sete marchas, bastando um toque em qualquer uma das aletas no volante - em D, as marchas simuladas serão ativadas apenas por alguns segundos mas, ao colocar em S, o sistema as utilizará o tempo todo.

Há ajuste de altura e profundidade do volante, ajuste de altura do banco do motorista, botão "ECON" que deixa as respostas mais calmas e o ar condicionado mais fraco em prol da economia de combustível, freio de estacionamento eletrônico com função Brake Hold (chamada de Auto Hold em outros carros): quando ativado pelo botão, o Brake Hold deixará o carro parado automaticamente sem a necessidade de pisar no pedal do freio, acionar o freio de estacionamento ou colocar o câmbio em P. Basta o motorista parar o carro completamente e aguardar o acendimento do ícone de ativamento do sistema no painel.


No geral, o dia a dia com o Civic é agradável e não cansa. Conseguimos uma média de 12,8km/l rodando prioritariamente com gasolina no tanque, sendo 14,3km/l o pico de economia e 9,6km/l o pico de consumo - números que até agradam, mas que conseguem ser bem melhores no 1.5 turbinado. É fácil achar uma boa posição de dirigir e ninguém passa aperto, especialmente nas pernas graças ao bom entre-eixos - exceto, é claro, o quinto passageiro que viaja no meio da fila traseira de bancos. Nem mesmo o caimento do teto representa um incômodo; pessoas com até 1,80m conseguem viajar sem raspar a cabeça.


Mesmo acima de 120km/h, o câmbio mantém o motor abaixo da casa dos 2.000rpm, contribuindo para o silêncio na cabine

Considerações finais

As principais mudanças que o Civic precisava já foram feitas quando passou da 9ª para a 10ª geração, então, era de se esperar que as alterações fossem poucas para a linha 2020. O japonês ganhou boas novidades e manteve atributos, entretanto, a existência da versão Touring deixa a sensação de que a Honda poderia fazer dele (nas versões mais baratas) um carro ainda mais atraente. Adotar alguns outros mimos da variante topo de linha, como o teto solar, é uma opção que deveria ser considerada.

O modelo se comporta de forma agradável e consegue andar bem ou beber com moderação: os dois juntos, não. Ainda assim, a montadora parece saber o que faz e busca atender aos gostos do consumidor local - fato que pode ser constatado ao se observar os índices mensais de vendas e notar que, em todos, o Civic se mantém seguro no segundo lugar há um bom tempo. Como dizem as más línguas: em time que está ganhando não se mexe, não é?



Uma característica marcante do Civic é que, apesar de ser rival direto do Corolla, o Honda sempre buscou chamar a atenção do consumidor que dá uma importância maior para a esportividade e mantém isso até hoje, mas sem abrir mão do conforto. Esse equilíbrio é o ponto forte do sedan e é, também, um de seus maiores argumentos de venda, mas quem busca tecnologia e "mimos" ao volante deverá olhar para os rivais.



Concorrentes diretos (pela categoria sedan médio): Chevrolet Cruze Premier I, Volkswagen Jetta Comfortline, Toyota Corolla XEi, Nissan Sentra SL, Kia Cerato SX

O modelo avaliado não possui concorrentes indiretos.


Ficha técnica


Motor: 2.0, 4 cilindros em linha, 16 válvulas, flex
Potência: 155cv (E) / 150cv (G) a 6.300rpm
Torque: 19,5kgfm (E) / 19,3kgfm (G) a 4.800rpm
Transmissão: automática CVT com sete marchas simuladas
Tração: dianteira
Suspensão: independente nas quatro rodas
Freios: discos ventilados na dianteira, discos sólidos na traseira
Direção: elétrica
Pneus: 215/50 R17
Comprimento: 4,64m
Largura: 1,79m
Entre-eixos: 2,70m
Altura: 1,43m
Peso: 1.291kg
Porta-malas: 519l
Tanque: 56l

0 a 100km/h: 11 segundos
Velocidade máxima: 195km/h


Fotos (clique para ampliar):